A relevância de estudar cientificamente a História do Pensamento Político fundamenta-se na ideia de que a Política é um tema incontornável e que temáticas como a natureza do Estado, as funções da sociedade civil e o relacionamento dos cidadãos numa rede interativa global não podem arredar-se do debate académico nem deixar de ser equacionadas numa visão interdisciplinar.
Efetivamente, o significado dos temas da Política, no contexto de crises cíclicas e de condicionamento económico e tecnológico, não se compadece com uma leitura meramente “pragmática” e imediatista, exigindo uma análise teórica, capaz de compreender os fenómenos políticos a partir dos princípios que os fundamentam, que os explicam e lhes dão sentido.
Por consequência, o estudo autónomo e aprofundado do pensamento político é a via mais imediata para recuperar a ligação essencial entre a Política e o Direito, entre a Justiça e a Paz, entre a Prudência e a Utilidade, para, como ensina Martim de Albuquerque, restabelecer uma política de agregação e ordenação geral, que, nas palavras de Pedro Barbas Homem, permita explicar e denunciar o mal, evitando a sua repetição.
Por outras palavras, apenas a compreensão da Política, no sentido que Hannah Arendt empresta ao termo, permite interrogar o presente e preparar o futuro. E a compreensão não dispensa o conhecimento, tal como o conhecimento não pode atuar sem uma compreensão preliminar implícita, que afasta o totalitarismo e convoca a liberdade, sendo, pois, à luz desta breve nota que justificamos a necessidade de se proceder ao enquadramento científico, epistemológico, interdisciplinar e metodológico da História do Pensamento Político.